terça-feira, 18 de outubro de 2011

agonia

Mesmo no completo silêncio, sua voz ecoava pelo quarto. As palavras eram gritadas em minha mente, fazendo-me ensurdecer. As notas surradas que você usara no piano faziam um barulho tamanho que, junto a elas, minha garganta soltava gritos de socorro.

— Para! — eu gritava aflita enquanto as lágrimas desciam desesperadas por toda minha face.

Mas não parava. Nunca parava. O volume da sua voz só aumentava.

Meus olhos se abriam, mas nada aparecia. Escuro. Sempre aquele velho e amigo escuro. Amigo? Que porra de amigo era esse que me deixava perdida? Aí eu corria. Corria e sempre dava com minha cara na parede. Doía. Sangrava. Mas que diabos fazer? Eu caía e levantava para tentar fugir de novo. Fugir do sangue, fugir do barulho, fugir de você. Em vão. Nunca conseguia. Era um quarto fechado do qual eu nunca conseguiria sair.

Você. Sua voz. Silêncio. Barulho.

Minhas mãos voavam até meus ouvidos para tampá-los. Eu sussurrava para mim mesma: “Isto não é a realidade. É apenas um pesadelo”. Entretanto, seus gritos vinham novamente me desconcentrar, aí, sem querer, meus olhos voltavam a marejar e meu coração batia descompassado, esperando por qualquer feixe de luz que trouxesse minha esperança de volta. Qualquer coisa.

Porém, só você aparecia. Sua imagem embaçada carregada de infelicidade

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